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A capacidade de fazer este exercício depois dos 50 é "um sinal de força excecional", diz o treinador.

Mulher fazendo prancha numa sala de estar, em cima de um tapete de ioga, com sofá e mesa ao fundo.

Depois dos 50 anos, pequenos movimentos diários revelam discretamente como o seu corpo está realmente a envelhecer, muito para além de qualquer resultado de laboratório.

Um movimento simples, feito na sua sala sem qualquer equipamento, está agora a ser utilizado por alguns treinadores como um "teste de força de envelhecimento". E, se ainda o conseguir fazer com facilidade depois dos 50, um treinador norte-americano diz que isso indica um nível invulgarmente elevado de capacidade física para a sua idade.

Porque é que o agachamento se tornou o teste silencioso de força depois dos 50

O treinador de força norte-americano Kevin Snodgrass defende que o agachamento básico com o peso do corpo funciona como um verdadeiro raio-X da forma como o seu corpo resiste ao envelhecimento. Não precisa de um ginásio, barra ou ténis especiais. Apenas o seu próprio peso, as suas próprias articulações e a força da gravidade.

Para relembrar o movimento: fique de pé com os pés afastados à largura dos ombros, pontas dos pés ligeiramente viradas para fora, depois dobre os joelhos e as ancas como se se fosse sentar. Quando as suas coxas estiverem aproximadamente paralelas ao chão, empurre com os pés para voltar a erguer-se.

Se consegue sentar-se e levantar-se com controlo repetidamente depois dos 50, os seus músculos, articulações e sistema nervoso continuam a funcionar em forte coordenação.

Snodgrass destaca dois critérios simples, frequentemente usados nos testes de fitness funcional para adultos mais velhos:

  • O número de vezes que consegue sentar-se e levantar-se de uma cadeira em 30 segundos.
  • A sua capacidade de fazer pelo menos um agachamento profundo, controlado, com o peso do corpo, sem se apoiar.

Dificuldade numa destas tarefas costuma indicar força reduzida, menor mobilidade ou equilíbrio instável. Pelo contrário, passá-las facilmente sugere algo próximo de uma capacidade de pernas “de elite” para esse grupo etário, segundo o treinador.

Estes testes são relevantes porque se sobrepõem quase na perfeição com a vida diária. Sempre que se levanta do sofá, se ergue da sanita ou sai de um carro, está a fazer uma variante de agachamento. Se perder este padrão, a independência começa a fugir.

A ciência por trás da perda de força com a idade

Por trás deste movimento simples está uma história maior: sarcopenia, a perda gradual de massa muscular e força, que normalmente começa por volta dos 50 anos. Estudos mostram que os adultos podem perder 1–2% de massa muscular por ano desde a meia-idade, e uma percentagem ainda maior de força.

Este declínio atinge quase todas as áreas do corpo. As pernas enfraquecem, subir escadas torna-se mais difícil. A força do core e das costas baixa, o que prejudica a postura. A força de preensão diminui, afetando tudo, desde abrir frascos a carregar sacos de compras.

O treino de resistência, incluindo agachamentos, é das poucas formas comprovadas de abrandar ou mesmo reverter parcialmente a perda muscular relacionada com a idade.

Quando os treinadores prestam atenção ao agachamento de um cliente, não estão apenas a contar repetições. Observam como os tornozelos dobram, como os joelhos acompanham o movimento, como as ancas se movem, como o tronco se mantém direito e como a pessoa se estabiliza. Toda esta cadeia revela pistas sobre a saúde articular, controlo neuromuscular e condição física geral.

O que treinam realmente os agachamentos no seu corpo

Muita gente ainda vê o agachamento como exercício só para as pernas, mas este recruta uma longa lista de músculos. Os treinadores salientam que um agachamento bem feito envolve várias áreas-chave:

Grupo muscularPapel durante o agachamento
Quadríceps (frente das coxas)Controlam a descida e dão potência na subida desde a posição inferior.
Isquiotibiais (parte de trás das coxas)Ajudam no movimento da anca e estabilizam o joelho.
Glúteos (nádegas)Estendem as ancas, essenciais para se levantar, subir escadas e andar a subir.
PanturrilhasAuxiliam no equilíbrio e no impulso para cima na fase final do movimento.
Zona lombarAlinha a coluna e resiste ao arredondamento sob carga.
Abdominais e core profundoEstabilizam o tronco para que as pernas possam gerar força eficientemente.

Como o agachamento liga todos estes músculos num só padrão coordenado, funciona como um “check-up de saúde” do sistema de movimento. Se uma área estiver muito fraca ou dolorosa, todo o padrão tende a quebrar-se.

Porque é que a referência dos 50 anos soa a “excecional”

Snodgrass sugere que, depois dos 50, cumprir um dos dois padrões básicos dos agachamentos reflete mais do que pernas fortes: indica uma rede preservada de mobilidade, equilíbrio e controlo neuromuscular que muitos da mesma idade já podem ter perdido.

Alcançar estes critérios costuma indicar melhor capacidade funcional: levantar-se do chão, aparar-se numa queda ou pegar num neto ao colo.

Parte do que torna isto “excecional” após a meia-idade é que muitos adultos passam décadas sentados. Horas em frente ao computador, deslocações de carro e serões diante de ecrãs levam a ancas rígidas, glúteos fracos e coxas pouco usadas. Aos 60 anos, um agachamento profundo pode parecer quase estranho.

Os que ainda conseguem descer controladamente num agachamento e erguer-se com força partilham alguns hábitos: treino de força regular, caminhadas diárias ou atividade semelhante e, pelo menos, alguma preocupação em manter a mobilidade.

Benefícios para a saúde que vão para além da força

Treinadores e fisioterapeutas gostam de agachamentos não só pelo que revelam, mas pelo que proporcionam. Quando feitos regularmente e adaptados à capacidade individual, os agachamentos trazem várias vantagens de saúde valiosas após os 50:

  • Preservam ou aumentam a massa muscular, importante para a saúde metabólica e controlo do peso.
  • Desafiam o sistema cardiovascular com repetições mais altas, aumentando a resistência.
  • Fortalecem a postura ao trabalhar os músculos que alinham a coluna.
  • Melhoram a função das articulações das ancas, joelhos e tornozelos, muitas vezes reduzindo a rigidez.
  • Reduzem o risco de quedas ao treinar equilíbrio e coordenação num padrão de movimento realista.

Como o movimento é tão adaptável, o treinador pode ajustá-lo a quase qualquer nível inicial. Uma pessoa de 55 anos em forma pode fazer agachamentos completos, enquanto alguém menos ativo pode começar com versões sentando e levantando da cadeira, dobrando apenas ligeiramente os joelhos.

Como adicionar agachamentos com segurança após os 50

Começar devagar é importante, especialmente para pessoas com problemas nos joelhos, ancas ou costas. Muitos treinadores sugerem uma progressão simples para iniciantes cautelosos:

  • Comece por sentar-se e levantar-se de uma cadeira estável, usando as mãos nas coxas se necessário.
  • Passe a fazer o mesmo sem ajudar com as mãos, assim que se sentir confortável.
  • Evolua para agachamentos parciais, descendo apenas até onde as articulações o permitirem.
  • Vá aprofundando o agachamento à medida que a mobilidade e a força melhoram.

Parar qualquer movimento que provoque dor aguda e procurar aconselhamento médico ou fisioterapêutico, quando necessário, ajuda a gerir o risco. Pequenos ajustes, como rodar ligeiramente as pontas dos pés para fora ou usar uma base de apoio mais larga, podem aliviar desconforto nos joelhos.

O objetivo não é um agachamento perfeito de ginásio, mas sim um padrão forte e estável que o apoie no dia a dia.

Outros movimentos que prevêm silenciosamente a independência

Os agachamentos não são o único movimento observado pelos especialistas ao avaliar corpos a envelhecer. Os treinadores olham muitas vezes para um pequeno grupo de tarefas “funcionais” fortemente ligadas à vida independente. Incluem, por exemplo:

  • Manter-se de pé numa perna durante pelo menos 10 segundos sem oscilar muito.
  • Levantar-se do chão sem usar ambas as mãos.
  • Transportar um saco moderadamente pesado numa mão enquanto caminha confortavelmente.
  • Subir um lance de escadas sem parar para descansar.

Cada uma destas tarefas envolve sistemas semelhantes: força das pernas, estabilidade do core, equilíbrio, coordenação e capacidade cardiovascular. Os agachamentos são o elemento central, porque suportam muitos dos outros. Pernas fortes e treinadas tornam escadas, equilíbrio e movimentos no chão muito menos assustadores.

Transformar o teste do agachamento num hábito de longo prazo

Usar o agachamento como critério pessoal pode ajudar pessoas acima dos 50 anos a monitorizar o progresso de forma tangível. Por exemplo, pode repetir o teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos, de alguns em alguns meses, ou avaliar com que facilidade se consegue baixar e levantar num agachamento profundo segurando-se a um balcão.

Associar isto a outras pequenas práticas – como caminhadas diárias, bandas elásticas leves ou exercícios ocasionais de equilíbrio – pode criar uma rotina realista e sustentável, em vez de um esforço passageiro. O corpo tende a responder bem a sinais regulares, moderados e repetidos ao longo do tempo.

Para os já ativos, os agachamentos podem ser combinados com outros exercícios compostos, como flexões de anca, subidas de degraus ou avanços suaves, formando um programa de trabalho de corpo inteiro. Para quem está a começar, pode servir de porta de entrada: um movimento que recupera lentamente a confiança na própria força depois de anos a evitá-la.

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