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Como criar uma horta sem cavar, usando cartão e composto, em apenas uma tarde.

Homem ajoelhado no jardim espalha terra de carrinho de mão sobre cartões no relvado, enquanto outro observa ao fundo.

Um vizinho encostou-se ao portão, a perguntar se eu “finalmente ia cavar isso tudo”. Sorri e arrastei uma pilha de caixas de entregas para o relvado. Os pombos calaram-se. Uma chaleira desligou-se na cozinha e o vapor saiu como um sinal. Cortei a fita. Levantei as abas. O chão quase pareceu suspirar. Todos já tivemos aquele momento em que percebemos que há uma maneira mais rápida de fazer as coisas que não parece batota. Comecei a estender cartão como se estivesse a fazer uma colcha de retalhos para o solo. Depois deitei um carrinho de composto e vi-o cair como migalhas de bolo de chocolate sobre um segredo. A pá ficou limpa. O truque é o silêncio.

No-dig numa tarde: porque funciona e porque sabe tão bem

Os canteiros “no-dig” deixam de o fazer lutar contra a terra. Basta estender cartão, deitar composto por cima e deixar a vida do solo tratar do resto. As raízes entram facilmente numa camada superficial fofa e rica, enquanto o cartão sufoca a relva velha e as ervas daninhas. É estranhamente calmo. *Senti que era batota, da melhor maneira possível.* A cadência disto—colocar, regar, deitar, nivelar—torna-se num ritmo, mesmo para quem não tem hábito de jardinagem. E quando olhamos para trás ao fim de duas horas, há um retângulo escuro que parece imediatamente promissor, como uma cama feita de fresco com lençóis limpos.

Imagine um pequeno jardim em terraço em Leeds onde a relva nunca pegou. Sábado à tarde: chaleiras, canecas no muro, um carrinho de mão a chiar. Sai uma pilha de caixas de uma mudança de casa, fita puxada, impressão virada para baixo. Dez minutos depois, o relvado é um puzzle de painéis sobrepostos. Um vizinho aparece com um saco de composto do município e outro traz folhas velhas do ano passado. Aos poucos, deitam e nivelam uma manta de 12 cm. Ao lanche, o canteiro já está pronto para as cebolinhas e espinafres e, no início do verão, já cresce salada como um balcão de mercearia. A pá continua encostada dentro do barracão.

A lógica é simples. O solo é uma estrutura viva de poros, fungos e raízes; se o revolver, destrói essa teia. Ao deitar composto por cima, alimenta-o. O cartão bloqueia a luz, por isso as ervas perenes e a relva morrem, e amolece à medida que as minhocas puxam as fibras para baixo. **O segredo é deixar a vida do solo fazer o trabalho de escavar por si.** A água ajuda o cartão a aderir ao solo e uma boa profundidade de composto dá às sementes um arranque doce enquanto a relva dorme por baixo. Ao longo das semanas, todo este 'sanduíche' fica ligado, transformando-se numa coisa solta e fofa debaixo dos pés.

Método: cartão, composto e um ritmo que se mantém

Comece por cortar a relva ou aparar o mais baixo possível—não precisa rapar, basta baixar. Junte cartão simples, com pouca tinta, retire fitas e agrafos e achate-o. Molhe o chão se estiver seco e depois disponha as folhas de cartão com sobreposição generosa—pense em 10–15 cm—para não haver aberturas para ervas daninhas. Molhe bem o cartão até ficar mole e aderente ao solo. Agora deite por cima 10–15 cm de composto terminado e nivele com o ancinho. **Aqui, o cartão não é lixo; é estrutura.** Se quiser uma borda arrumada, use tijolos, madeira velha ou ramos entrançados. Plante logo no composto, ou espere uma semana se preferir.

Sejamos sinceros: quase ninguém faz isto todos os dias. Portanto, mantenha simples e vá com calma. Evite caixas brilhantes ou plastificadas; escolha o cartão castanho simples. Não poupe na sobreposição, ou a relva daninha vai encontrar por onde passar. Se o composto estiver fresco e quente, semeie folhas primeiro em vez de raízes. A água assenta as camadas, mas não exagere. As lesmas adoram bordas aconchegadas—retire refúgios e veja debaixo das tábuas. Se o terreno é exposto ao vento, use paus para prender os cantos do cartão enquanto trabalha, para a folha não voar como uma carta gigante pela rua fora.

Aqui fica a verdade que motiva quase toda a gente:

“Se consegue empurrar um carrinho de mão, consegue fazer este canteiro. Não está a construir um monumento; está a preparar o jantar.”
  • Sobreponha bem o cartão e molhe-o até selar ao chão.
  • Meta 10–15 cm de composto terminado; só deite um pouco de terra por cima se tiver.
  • Plante diretamente na camada de composto; as raízes encontram o solo velho à medida que o cartão amolece.
  • Borde o canteiro para o composto não fugir—com tijolos, madeira ou ramos entrelaçados.
  • Coloque aparas de madeira nos caminhos para manter os sapatos secos e a zona limpa.

O que vem a seguir: o primeiro verde e o prazer silencioso disso

Há um momento, após algumas semanas, em que percebe que a superfície mudou. O composto assentou, a cor escureceu, e o canteiro parece algo por onde pode passar a mão sem se sujar. Entram as primeiras plantações, pequenas e cheias de esperança, e as linhas entre cartões desaparecem como se a terra as tivesse cosido. No primeiro mês, ainda vai tirar algumas ervas—sementes voadoras encontram sempre festa—mas o relvado antigo mantém-se fofo e silencioso por baixo. **Se consegue empurrar um carrinho de mão, consegue fazer este canteiro.** Esta frase fica e, de repente, já pensa num segundo canteiro, talvez num terceiro, como quem coloca tapetes num quarto onde quer passar mais tempo.

Ponto-chavePormenorVantagem para o leitor
Sobreposição do cartão10–15 cm, ensopado até ficar maleávelImpede ervas de passarem pelas juntas
Profundidade do composto10–15 cm de composto escuro e terminadoCamada imediata para plantar e nutrição constante
Limites e passagensTijolos ou madeira nas bordas, aparas de madeira nos caminhosMantém o canteiro arrumado, reduz lama, desencoraja lesmas

Perguntas frequentes :

  • Posso fazer um canteiro “no-dig” mesmo em cima da relva?Sim. Corte a relva baixa, sobreponha cartões, molhe-os e deite 10–15 cm de composto. A relva decompõe-se no escuro alimentando o solo.
  • Quanto tempo depois posso plantar?Logo de seguida para a maioria dos vegetais. Para raízes ou mudas sensíveis, espere uma semana para o composto assentar e as camadas unirem. Regue suavemente.
  • Que tipo de cartão e composto devo usar?Caixas castanhas ou pouco impressas, sem brilhos ou plásticos, fita removida. Use composto maduro e solto—caseiro, resíduos verdes ou estrume bem decomposto.
  • O cartão faz mal ao solo ou atrai pragas?Não. Ele amolece e é comido pelas minhocas. Evite cartões brilhantes e tintas coloridas. Mantenha as bordas limpas e levante abrigos de lesmas se vir danos.
  • É preciso moldura ou lados em madeira?Não é preciso. Uma moldura fica arrumada e segura em terrenos inclinados, mas um canteiro solto funciona na perfeição, em terreno plano.

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